O usuário e carta aberta a família
909. O Homem poderia sempre vencer suas más tendências pelos seus esforços?
- Sim, e, algumas vezes, por fracos esforços. É a vontade que lhe falta. Ah! Quão poucos dentre vós
fazem esforços!
910. O homem pode encontrar nos Espíritos uma assistência eficaz para superar suas paixões?
- Se ele ora a Deus e ao seu bom gênio com sinceridade, os bons Espíritos virão certamente em
sua ajuda, porque é a sua missão.
911. Não há paixões tão vivas e irresistíveis que a vontade não tenha poder para superá-las?
- Há muitas pessoas que dizem: eu quero, mas a vontade não está senão nos lábios; elas querem,
mas estão bem contentes que assim não seja. Quando se crê não poder vencer suas paixões, é que o
Espírito nelas se compraz em conseqüência de sua inferioridade. Aquele que procura reprimi-las,
compreende sua natureza espiritual; as vitórias são para ele um triunfo do Espírito sobre a matéria.
O Livro dos Espíritos – Allan Kardec – parte 3ª – cap. XII
Nos Domínios da Mediunidade – André Luiz – cap. 15
Caía a noite...
Após o dia quente, a multidão desfilava na via pública, evidentemente buscando o ar fresco.
Dirigíamo-nos a outro templo espírita, em companhia de Aulus, segundo o nosso plano de trabalho,
quando tivemos nossa atenção voltada para enorme gritaria.
Dois guardas arrastavam, de restaurante barato, um homem maduro em deploráveis condições de
embriaguez.
O mísero esperneava e proferia palavras rudes, protestando, protestando...
- Observem o nosso infeliz irmão! - determinou o orientador.
E porque não havia muito tempo entre a porta ruidosa e o carro policial, pusemo-nos em
observação.
Achava-se o pobre amigo abraçado por uma entidade da sombra, qual se um polvo estranho o
absorvesse.
Num átimo, reparamos que a bebedeira alcançava os dois, porquanto se justapunham
completamente um ao outro, exibindo as mesmas perturbações.
Em breves instantes, o veículo buzinou com pressa e não nos foi possível dilatar anotações.
O quadro daria ensejo a valiosos apontamentos...
Ante a alegação de Hilário, o Assistente considerou dispúnhamos de tempo bastante para a colheita
de alguns registros interessantes e convidou-nos a entrar.
A casa de pasto regurgitava...
Muita alegria, muita gente.
Lá dentro, certo recolheríamos material adequado a expressivas lições.
Transpusemos a entrada.
As emanações do ambiente produziam em nós indefinível mal-estar.
Junto de fumantes e bebedores inveterados, criaturas desencarnadas de triste feição se
demoravam expectantes.
Algumas sorviam as baforadas de fumo arremessadas ao ar, ainda aquecidas pelo calor dos
pulmões que as expulsavam, nisso encontrado alegria e alimento. Outras aspiravam o hálito de alcoólatras
impenitentes.
Indicando-as, informou o orientador:
- Muitos de nossos irmãos, que já se desvencilharam do vaso carnal, se apegam com tamanho
desvario às sensações da experiência física, que se cosem àqueles nossos amigos terrestres
temporariamente desequilibrados nos desagradáveis costumes por que se deixam influenciar.
- Mas por que mergulhar, dessa forma, em prazeres dessa espécie?
- Hilário - disse o Assistente, bondoso -, o que a vida começou, a morte continua... Esses nossos
companheiros situaram a mente nos apetites mais baixos do mundo, alimentando-se com um tipo de
emoções que os localiza na vizinhança da animalidade. Não obstante haverem freqüentado santuários
religiosos, não se preocupam em atender os princípios da fé que abraçaram, acreditando que a existência
devia ser para eles o culto de satisfações menos dignas, com a exaltação dos mais astuciosos e dos mais
fortes. O chamamento da morte encontrou-os na esfera de impressões delituosas e escuras e, como é da
Lei que cada alma receba da vida de conformidade com aquilo que dá, não encontram interesse senão nos
lugares onde podem nutrir as ilusões que lhes são peculiares, porquanto, na posição em que se vêem,
temem a verdade e abominam-na, procedendo como a coruja que foge à luz.
Meu colega fez um gesto de piedade e indagou:
- Entretanto, como se transformarão?
- Chegará o dia em que a própria Natureza lhes esvaziará o cálice - respondeu Aulus, convicto. - Há
mil processos de reajuste, no Universo Infinito em que se cumprem os Desígnios do Senhor, chamem-se
eles aflição, desencanto, cansaço, tédio, sofrimento, cárcere...
Por que o viciado torna-se insaciável?
Após a sessão científica, ia ser projetado outro filme, pois recebemos ordem para continuarpesquisando. Eles tinham notado um ponto nevrálgico no jovem, por onde entidades abasteciam os
instintos doentios e se saciavam com as emanações da droga. O garoto era um prato onde quase toda a
comida era aproveitada por muitos.
O laboratório espiritual, nessa altura, ampliou o filme e vimos, em tamanho maior, uma cena que
nos deixou prostrados. Vampiros inalando as forças vitais do rapaz para reter as toxinas que aquele corpo
tinha armazenado. Compreendemos, nesse momento, porque o viciado torna-se insaciável, sempre
achando pequenas as doses e cada vez as aumentando mais. É que cada viciado sustenta uma legião!
Saindo dali, chegamos a um local retirado da cidade, onde a música alucinante fazia mal aos
ouvidos. A minha surpresa foi tão grande que arregalei os olhos procurando me convencer que não estava
no Umbral da Espiritualidade, só percebendo que era a Terra pelas entidades coladas aos jovens
encarnados, aspirando junto a eles, as mais estranhas misturas. Tive que fazer força para não me
desequilibrar. Ali era o inferno pelo uso dos tóxicos. Irmãos, ninguém poderá imaginar uma cena dessas,
apenas aqueles que já a presenciaram. Desprezando o aconchego de seus lares, ali se encontravam eles,
expostos ao vento e ao frio, completamente despidos, em verdadeira orgia - o inferno da droga!
Ninguém Está Sozinho – Luiz Sérgio – cap. 8
Seu usuário.
Carta aberta a minha família
Sou um usuário de drogas. Preciso de ajuda.
Não resolvam meus problemas por mim. Isto somente me faz perder o respeito por vocês.
Não censurem, não façam sermões, não repreendam, não culpem ou discutam, esteja eu drogado ou sóbrio. Isto pode fazer vocês se sentirem melhor, mas só vai piorar a situação.
Não aceitem minhas promessas. A natureza da minha doença me impede de cumpri-las, mesmo que naquele momento tencione fazê-las. As promessas são meu único meio de adiar a dor. E não permitam mudanças de acordos. Se um acordo foi feito, mantenham-se firme nele.
Não percam a paciência comigo. Isto destruirá vocês e qualquer possibilidade de me ajudarem.
Não permitam que sua ansiedade por mim faça vocês fazerem o que eu deveria fazer por mim mesmo.
Não encubram ou tentem poupar-me das consequências do meu uso de drogas. Isto pode diminuir a crise, mas fará a minha doença piorar.
Sobretudo, não fujam da realidade como eu faço. A dependência de drogas, minha doença, torna-se pior enquanto eu persistir no uso.
Comecem agora a aprender, a compreender e a fazer planos para a sua recuperação. Procurem o Nar-Anon, grupos que existem para ajudar as famílias daqueles que abusam das drogas.
Preciso da ajuda - de um médico, de um psicólogo, de um conselheiro, e de um adicto em recuperação que encontrou a sobriedade em Narcóticos Anónimos, e principalmente de Deus. Eu não posso ajudar a mim mesmo.
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