Sobre o Carnaval -Divaldo P.Franco
Sobre o Carnaval |
Nenhum espĂrito equilibrado, em face do bom senso que deve presidir a existĂȘncia das criaturas, pode fazer a apologia da loucura generalizada que adormece as consciĂȘncias nas festas carnavalescas.
Ă lamentĂĄvel que, na Ă©poca atual, quando os conhecimentos novos felicitam a mentalidade humana, fornecendo-lhe a chave maravilhosa dos seus elevados destinos, descerrando-lhes as belezas e os objetivos sagrados da Vida, se verifiquem excessos dessa natureza entre as sociedades que se pavoneiam com tĂtulos da civilização.
Enquanto os trabalhos e as dores abençoadas, geralmente incompreendidos pelos homens, lhes burilam o carĂĄter e os sentimentos prodigalizando-lhes os benefĂcios inapreciĂĄveis do progresso espiritual, a licenciosidade desses dias prejudiciais opera, nas almas indecisas e necessitadas do amparo moral dos outros espĂritos mais esclarecidos, a revivescĂȘncia de animalidade que sĂł os longos aprendizados fazem desaparecer.
HĂĄ nesses momentos de indisciplina sentimental o largo acesso das forças da treva nos coraçÔes e Ă s vezes toda uma existĂȘncia nĂŁo basta para realizar os reparos precisos de uma hora de insĂąnia e de esquecimento do dever.
Ă estranho que as administraçÔes e elementos de governos colaborem para que se intensifique a longa sĂ©rie de lastimĂĄveis desvios de espĂritos fracos, cujo carĂĄter ainda aguarda o toque miraculoso da dor para aprender as grandes verdades da vida.
Enquanto hĂĄ miserĂĄveis que estendem as mĂŁos sĂșplices, cheios de necessidades e de fome, sobram as fartas contribuiçÔes para que os salĂ”es se enfeitem e se intensifique o olvido de obrigaçÔes sagradas por parte das almas cuja evolução depende do cumprimento austero dos deveres sociais e divinos.
Ação altamente meritĂłria seria a de empregar todas as verbas consumidas em semelhantes festejos na assistĂȘncia social aos necessitados de um pĂŁo e de um carinho. Ao lado dos mascarados da pseudo-alegria, passam os leprosos, os cegos, as crianças abandonadas, as mĂŁes aflitas e sofredoras.
Por que protelar essa ação necessåria das forças conjuntas dos que se preocupam com os problemas nobres da vida, a fim de que se transforme o supérfluo na migalha abençoada de pão e de carinho que serå a esperança dos que choram e sofrem?
Que os nossos irmĂŁos espĂritas compreendam semelhantes objetivos de nossas despretensiosas opiniĂ”es, colaborando conosco, dentro de suas possibilidades, para que possamos reconstituir e reedificar os costumes para o bem de todas as almas.
Ă incontestĂĄvel que a sociedade pode, com o seu livre-arbĂtrio coletivo, exibir superfluidades e luxos nababescos, mas, enquanto houver um mendigo abandonado junto de seu fastĂgio e de sua grandeza, ela sĂł poderĂĄ fornecer com isso um eloquente atestado de sua misĂ©ria moral.
Emmanuel
Revista "O ESPĂRITA" - BrasĂlia, DF.(texto retirado Luz EspĂrita)
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