Depressão infantil
O que é a depressão infantil ?
Depressão é o transtorno de humor que se caracteriza basicamente por tristeza e anedonia, associados a transtornos de sono, de alimentação e somáticos (como cefaléia, tonturas, taquicardia, sudorese, diminuição de libido etc.). Na criança, mais freqüente que a tristeza é a irritabilidade, mau humor e a anedonia, que é a falta de prazer com as atividades habituais, como brincar, sair com os amigos, jogar videogame, ver TV etc.
Segundo Von During, "As crianças deprimidas não podem rir. E uma criança que não ri nem pode brincar nem brigar; é uma criança enferma (...). As crianças deprimidas são tímidas, fogem da companhia dos demais, não jogam, não têm confiança em si mesmas, o que pode levá-las, inclusive ao suicídio (p. 31, POLAINO, 1988)".
É importante ressaltar que os conceitos psicopatológicos infantis ainda não são muito precisos e uníssonos, como são os dos adultos. Podemos citar como exemplo a ampla terminologia usada: transtorno, desordem, alteração, comportamento anormal, conduta desajustada, hiperatividade etc. Tais termos são encontrados, usualmente na literatura científica, como sinônimos.
Quais são os principais fatores que podem desencadear a depressão infantil ?
Muitos fatores podem levar uma criança à depressão. Segundo os estudos de Nissen em 1970 e de outros autores posteriores a ele, as causas estão relacionadas a problemas familiares.
Os problemas conjugais, os problemas financeiros, a cobrança exagerada por parte dos pais e da sociedade em relação ao desenvolvimento da criança, a falta de contato da criança com os pais em função de suas responsabilidades profissionais e necessidades de sobrevivência, o que impede que haja um vínculo afetivo positivo, são fatores que contribuem para o aumento da possibilidade das crianças desenvolverem transtornos, sendo a depressão infantil um deles, e que afeta diretamente o desenvolvimento psico-social e acadêmico da criança.
Além disso, podemos destacar outros fatores que causam a DI: a morte de um dos pais, dos avós ou de um ente querido muito próximo, maus tratos dentro da família; filho indesejado, filho somente de um dos pais; alcoolismo, entre outros.
Ao contrário do que muitos pensam, criança também sofre de depressão. A depressão que sempre pareceu um mal exclusivo dos adultos hoje em dia afeta cerca de 2% das crianças e 5% dos adolescentes do mundo.
Diagnósticar depressão é mais difícil nas crianças, pois os sintomas podem ser confundidos com malcriação, pirraça ou birra, mau humor, tristeza e agressividade. O que diferencia a depressão das tristezas do dia-a-dia é a intensidade, a persistência e as mudanças em hábitos normais das atividades da criança.
Costuma manifestar-se a partir de uma situação traumática, tais como: separação dos pais, mudança de colégio, morte de uma pessoa querida ou animal de estimação.
O maior problema é que os sintomas da depressão se confundem facilmente com os comportamentos típicos nesta fase da vida.
O sintoma que deve chamar a atenção para a suspeita de depressão infantil é a mudança de atitude da criança.
Atividades lhe davam prazer, passar a ser tratadas com desinteresse. Há alterações no apetite, retraimento social, irritabilidade, agressividade, ...
Nas crianças mais novas, devido a falta de habilidade para uma verbalização que demonstre seu real estado emocional, a depressão pode se manifestar através da hiper-atividade.
Além das dificuldades da doença, o seu tratamento esbarra num problema bastante comum: o preconceito. Muitos pais relutam em aceitar o fato de que o filho precisa ser encaminhado a um psiquiatra. Além de não admitir que o filho possa estar com depressão, levá-lo a um psiquiatra, ou um psicoterapeuta, seria taxá-lo como doente mental. É fundamental que os pais aceitem este diagnóstico, pois o tratamento é uma forma de prevenir quadros piores. Nos últimos anos, a incidência de suicídios entre adolescentes praticamente triplicou. A maioria deles devido a depressão não tratada.
Uma das principais causas, que podem contribuir, para o aumento desta doença entre crianças e adolescentes, é a liberdade sem limites dados numa fase em que ainda eles não possuem estrutura para organizar o que é bom ou não para si. A liberdade desassistida pode levar, também, a depressão.
Outro ponto que os pais tem que avaliar, é o de atribuir às crianças responsabilidades de adulto, com sobrecarga de atividades extracurriculares, com uma agenda de fazer inveja a qualquer executivo. Criança também precisa de tempo para o lazer e as brincadeiras.
Abaixo, estão relacionados alguns sinais e sintomas sugestivos de depressão infantil. Se a criança tiver um número suficientemente importante dos itens, fique atento e procure ajuda especializada (neuropsiquiatra, psicoterapeuta,...):
(1) Queda no rendimento escolar;
(2) Recusa em ir à escola;
(3) Falta de concentração;
(4) Condutas anti-sociais e destrutivas;
(5) Ansiedade, irritabilidade, agressividade;
(6) Negativismo, pessimismo;
(7) Sentimento de rejeição;
(8) Falta de interesse por atividade que lhe dava prazer;
(9) Perda ou aumento de peso;
(10) Mudanças de humor significativas;
(11) Queixas somáticas (cefaléias,gastrite,diarréias,...);
(12) Distúrbios do sono (insônia ou dormir demais).
Entretanto, é muito importante determinar se esses sintomas estão, de fato, relacionados com um quadro depressivo, ou se são parte de alterações emocionais da própria idade. Somente um médico poderá fazer o diagnóstico com precisão!
A revista “Pais & Teens”, editada pelo IPA (Instituto Paulista da Adolescência) – maio/junho/julho de 1998, relatou uma experiência bastante interessante, num trabalho de recuperação de crianças depressivas:
“No inicio de 1998, a psiquiatra Eliana Curatolo, coordenou uma pesquisa que envolveu 579 crianças de 7 a 12 anos, alunos da 1ª à 4ª séries de duas escolas de Mairiporã(SP) e Franco da Rocha(SP). Um questionário aplicado aos alunos revelou que 122 deles (21%) sofriam de sintomas depressivos. Muitos destes alunos eram indisciplinados, tinham baixo rendimento e eram punidos ou colocados em classes especiais. Segundo a psiquiatra, pais, professores e as próprias crian¬ças não entendiam as razões do seu comportamento e não sabiam que se tratava de depressão. Tratadas, as crianças melhoraram de comportamento e de rendimento intelectual. O interessante é que todas as crianças deprimidas, tratadas por Eliana com terapia em grupo, melhoraram sem nenhuma medicação.
O psiquiatra Haim Grunspum também acredita que a psicoterapia seja mais eficaz na depressão do adolescente e infantil do que a medicação antidepressiva. “Podemos tentar ajudar com a medicação, mas não é o que mais funciona. A psicoterapia é imprescindível. Se não fizer a terapia, não vai resolver a depressão”, diz Grunspum.”
Laborterapia na evangelização infantil
O tratamento de enfermidades nervosas e mentais através do trabalho na evangelização das crianças.
EVANGELIZAÇÃO – TAREFA SUBLIME
A Doutrina Espírita representa hoje, elevada escola de educação do Espírito, a serviço de Jesus, com a grandiosa tarefa da edificação do Reino de Deus na Terra, reino esse que se inicia no interior de cada um. Nesse aspecto, a tarefa de evangelização da criança e do jovem assume um caráter da mais alta importância em todo o Movimento Espírita.
A Casa Espírita deve preparar-se para essa grandiosa tarefa, a serviço de Jesus. À guisa de colaboração a esse movimento que se amplia por toda parte, traçamos abaixo alguns ítens que julgamos de grande importância nessa atividade educativa por excelência.
Precisamos olhar a criança em sua verdadeira natureza de Espírito imortal, filho de Deus, dotado do germe da perfeição, que renasce para evoluir, para desenvolver suas potencialidades.
Nas obras de Ande Luiz, especialmente em “Evolução em dois Mundos” e “No Mundo Maior”, percebemos que evoluímos pelo esforço próprio, pela ação, pela atividade, interagindo com o meio físico e espiritual através de múltiplas experiências.
A evangelização, por isso, deve optar por uma metodologia ativa, dinâmica, onde a criança seja co-participante de seu próprio processo educativo, vivenciando as experiências, sentindo, compreendendo e vibrando em cada atividade, desenvolvendo, assim, gradualmente suas potencialidades, encaminhando-se para a sua autonomia moral e intelectual, como ser quer pensa, sente e age no bem. Ajustamos, assim, o processo educativo à recomendação de Jesus: “A cada um segundo as suas obras” e também “aquele que ouve minhas palavras e as pratica...”
Parece-nos de grande importância a criação de processos de cooperação entre as crianças e os jovens, incentivando a ajuda mútua, a colaboração e não a concorrência. Estaremos, assim, praticando a recomendação de Jesus: “Faça ao outro o que gostaria que fizesse a você.
“Precisamos também utilizar a energia criadora do Espírito em todo processo educativo, propiciando atividades que levem a criança e o jovem a utilizar e ampliar essa imensa energia propulsora da vida e do progresso, herança de Deus, Pai e Criador, dirigindo-a para os canais superiores da vida, de forma a oferecer-lhes atividades dinâmicas, ativas e criativas, em ambiente de cooperação e ajuda mútua.
Surge ainda, nesse processo educativo, a necessidade da vivência do amor, dos laços afetivos que devem existir entre as crianças, jovens, evangelizadores e coordenadores de estudo, como prática efetiva da recomendação maior do Mestre: “Amai-vos uns aos outros como eu vos amei”, e a necessidade de o evangelizador exteriorizar esse amor em seus gestos, palavras, ações... Naturalmente, que o amor no sentido das palavras de Jesus deve ser o amor que auxilia, que ampara, que ajuda o outro a crescer, a evoluir... Destaca-se também a importância do exemplo, da vivência, da vibração do próprio evangelizador, na maravilhosa exortação de Jesus: “Brilhe vossa luz”.
Percebemos, pois, a necessidade de atividades tanto na horizontalidade de nosso mundo, desenvolvendo a razão, quanto na verticalidade, desenvolvendo o sentimento, a sensibilidade que nos propicia sintonia com as esferas superiores da vida, procurando ampliar a capacidade vibratória da criança e do jovem para uma sintonia mais elevada.
Evangelizar é também um processo natural de espiritualização do ser, de desenvolvimento das potências anímicas do ser espiritual que somos todos nós, Espíritos imortais, filhos de Deus, a caminho da perfeição. Em síntese: o desenvolvimento do Reino de Deus dentro de cada um, atendendo ao eloqüente apelo de Jesus: “Buscai em primeiro lugar o Reino de Deus e tudo o mais virá por acréscimo”.
Para isso, destaca-se também a importância da arte no processo de evangelização, tanto da literatura quanto das artes plásticas, do teatro, da dança e da música. Muitas vezes apenas o intelecto, a razão não consegue atingir certos estados vibratórios superiores. As artes, em especial a música e a dança, permitem-nos oferecer à criança e ao jovem a oportunidade de ingresso em freqüência de nível elevado. A música por exemplo, é vibração e pode nos auxiliar na sintonia com o Mais Alto.
Propôs-se, assim, o desenvolvimento das potências do Espírito, do intelecto, da razão, do sentimento do amor, como base fundamental da Doutrina Espírita tal a proposta do Mestre Jesus, na ampliação da nossa faixa de frequência vibratória. Ao mesmo tempo, o desenvolvimento do poder criador do Espírito conduzi-lo à reeducação, ao progresso e à evolução constante, com vistas a uma nova civilização para o Terceiro Milênio. Essas mudanças no modo de pensar , de sentir e de agir produzirão um homem mais espiritualizado, capaz de vibrar em sintonia com o Pai, construindo o Reino de Deus na Terra, a partir da construção do Reino interior de cada um.
É imprescindível prestar toda a colaboração possível nas atividades da evangelização da criança e do jovem. Estaremos cooperando, não somente com a Campanha Permanente de Evangelização, mas com o próprio Cristo na construção do Reino de Deus na Terra, que se inicia no coração de cada um.
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