Carta de um usuário
Clínica CRAD Peruíbe, 15 de abril de 2010
Querida mãe, desejo que esta carta chegue até você de uma forma que te traga paz e esperança.
Antes de qualquer coisa quero te pedir uma coisa, "perdão", perdão por frustrar seus sonhos, por não ter sido filho que você sempre sonhou e o que mais me machuca é não ter correspondido à altura ao seu amor incondicional. No passado sonhamos juntos com uma vida diferente para nós, queríamos uma vida repleta de alegrias, vitórias e a abundancia dos melhores sentimentos que existem na fase da terra, mas a minha vida tomou um rumo no qual perdi o controle de tudo, me tornei uma pessoa sem sentimentos, mãe na verdade não era eu e nem sei como cheguei a esse ponto, principalmente depois de todo o amor com que me criou e educou.
Mãe, deixei me levar pelas más amizades, pelas drogas e por influencias externas, por prazeres que até então desconhecia, de uma forma mãe que tomou totalmente conta de mim, hoje eu pago o preço das minhas escolhas, escolhas estas a qual a senhora sempre me alertou, mãe perdão, perdão por não ter lhe dado ouvidos, se arrependimento matasse eu já não estaria mais lhe escrevendo, mas tudo nesta vida é um aprendizado por mais doloroso que seja, o caminho o qual eu trilhei.
Mãe quando olho para mim e me deparo com os erros do passado, não entendo por que fui buscar a droga como consolo e companhia para esquecer os meu problemas (sic) e fugir das minhas responsabilidade.
Sabe mãe, uma experiência de vida dolorosa, onde vi de tudo que a senhora possa imaginar, vi meninas de família se prostituindo, pessoas sendo espancadas por simples centavos, vi pessoas morrerem ao meu lado mãe, de tanto usarem o "crack", vi também pessoas que não precisavam se tornar bandidos, até um casal onde a esposa se prostituia para que ambos pudessem usar, sabe mãe quando olhei param mim, vi que a droga me levou a um estado o qual eu jamais imaginei que chegaria onde a senhora viu muito bem, sabe mãe hoje sinto vergonha do estado que cheguei e ao ponto que cheguei, onde muitos mendigos estavam melhores que eu, cheguei até a me tornar aviãozinho para poder obter a droga, mãe me perdoe era muito mais forte do que eu e já não conseguia pensar em mais nada a não ser como fazer para ter mais.
Sabe mãe após ter tido a oportunidade de estar limpo vejo as coisas e o mundo ao meu redor de uma forma diferente, vejo que nada nesta vida é por acaso, hoje sei que isso é uma doença, vejo também mãe que há esperança de uma nova vida livre da escravidão nas drogas e se Deus permitiu que tudo isso viesse a acontecer comigo foi para o meu crescimento. Mãe, agradeço a Deus por ter me guardado em todos os momentos difíceis que passei em minha vida e por ele não ter permitido que a senhora me abandonasse, agradeço principalmente a atitude que senhora tomou, pois eu estava insano e não conseguia pedir ajuda, mesmo sabendo que estava me matando, agradeço a oportunidade que hoje tenho de me recuperar aqui na Clínica CRAD, com pessoa que me ajudam nesta nova jornada da minha vida, sabe mãe aqui também tem pessoa que passaram pelo que eu passei e hoje estão bem, conseguiram superar o horror da vida nas drogas e hoje são exemplos para mim.
Quero uma transformação de vida mãe, transformar o negativo em positivo, sofrimento em alegria, ser o filho que a senhora sempre sonhou e voltar a vê-la sorrir.
Sabe mãe hoje descobri que existe uma programação que pode me ajudar nesta nova fase que hoje vivo e pelo resto de minha vida, aqui aprendi a programação de 12 passos de narcóticos anônimos, onde aprendo a me conhecer melhor e superar minhas dificuldades.
Mãe aprendi e sei muito bem que somos um anjo de uma asa só e que juntos podemos voar "ir" cada vez mais alto, aprendi também que a honestidade é à base da minha recuperação.
Mãe aqui é o lugar onde eu crio raízes, raízes fortes, por isso não me importo com o tempo, para que nenhuma tempestade venha a me derrubar, para que eu não volte ao inferno o qual nossas vidas se tornaram.
Mãe muitas pessoas não entendem esta doença e por isso nos discriminam, por muitas vezes fui tratado como bandido pela policia sem nunca ter tirado nada de ninguém a não ser da senhora que é a pessoa que mais amo, sabe a policia nunca me ofereceu qualquer ajuda e isso foi uma das coisas que muito me machucou, pois eu sempre os via como heróis e eles me trataram como marginal, mãe essa discriminação com a minha doença hoje muito me preocupa e me faz pensar se ainda conseguirei um bom emprego, afinal quem daria emprego a um adicto sem saber o que isso significa, mas tudo bem mãe um dia Deus vai tocar o coração dessas pessoas, antes que o problema seja na família delas.
Mãe, estou morrendo de saudades da senhora e de toda nossa família que hoje sei que são as pessoas que realmente me amam, bom vou ficando por aqui, espero que a senhora esteja freqüentando os grupos de ajuda, pois a senhora também ficou afetada com a minha doença e o grupo de nar-anon pode ajudá-la.
Mãe estou cada vez melhor, fique com Deus amo você mais que tudo nessa vida, de seu filho, Raphan Salles Gibson”.
Na obra “Memórias de um Toxicômano”, por exemplo, o Espírito Tiago mostra para o leitor como diversos personagens envolveram-se com a droga. Descreve a zona de sofrimento para onde são levados. Descreve, também, a situação espiritual de inúmeros viciados e o trabalho desenvolvido pelas forças do bem para resgatá-los - quando estiverem em condições. Descreve , ainda, muitas atividades que desencarnados ligados ao vício realizam para manter os dependentes, do mundo físico e do mundo espiritual, atrelado às drogas.
Na obra “Educação e Vivências” Camilo afirma que: “Nenhum processo de toxicomania está dissociado dos processos das almas enfermas. Espíritos sadios não se deixam embair pelas drogas”. E tais Espíritos são formados onde a educação (e não apenas a instrução) preocupa-se com o lado moral; onde o indivíduo é valorizado no meio em que vive; onde haja envolvimento com grupos sadios que tenham o companheirismo e a fraternidade como tônicas. Dora Incontri enfatiza esse aspecto ao informar que: “nada será eficaz para lutar contra as drogas, senão a Educação. Apenas quando os indivíduos estiverem moralmente imunizados, é que os tóxicos deixarão de ser explorados para viciar, degradar e matar”. Ela continua seu raciocínio mostrando que “adolescentes e jovens viciados são problema em todos os países, pobres e ricos, em todas as classes sociais, em todas as culturas”. Diante disso, continua ela, o antídoto para as drogas “não pode ser apenas político ou econômico, social ou médico – deve ser moral”.
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